sábado, 17 de maio de 2008

Pequenos nadas

"Se vieres à minha procura, vem devagar e suavemente para não quebrar a porcelana da minha solidão". Sohrab Sepehry. Irã, 1928-80.


Outros além do poeta iraniano já disseram, em palavras diferentes, que abordar uma pessoa não é para qualquer um. A começar pelo modo como se acorda quem está adormecido, evitando uma transição muito brusca do sono para a vigília, que faz disparar o coração de susto e começar mal o dia. A não ser no caso de dorminhocos notórios e contumazes, em geral basta um leve toque, uma chamada em voz baixa, e quem estava dormindo acorda sem traumas.Chamar alguém aos gritos é, mais que uma questão de educação, uma agressão sem motivo. Excetuando-se as situações-limite, como estar preso por dentro, ameaçado de cair da janela ou com a casa em chamas, ninguém precisa pôr a boca no mundo para chamar a atenção dos outros.
Em circunstâncias normais, as pessoas gostam de ser lembradas e procuradas, mas nunca perturbadas por um chato inconveniente. Igualmente incômodo é ser lembrado sempre com intenções utilitárias, como empréstimos de coisas ou dinheiro (argh!), pequenos serviços que não nos competem ou pedidos que às vezes se tornam um transtorno para quem precisa obedecer a horários apertados ou desviar-se de seu rumo para atender ao pidão.
Pouca gente hoje em dia ainda se sente obrigada a aceitar encargos que não lhe dizem respeito. Deixou de ser embaraçoso dizer “não”, ao menos para que vive nas cidades e tem o tempo contado para suas próprias obrigações, mais escasso ainda para seu lazer e o cuidado de si. Mas ainda existe gente, tímida ou inadaptada aos hábitos urbanos, que não tem coragem de se negar a fazer o que lhe pedem. Às vezes viram verdadeiros servidores do outro. E sofrem por isso de um modo insuspeitado.
A abordagem amorosa é um caso aparte, mas nem por isso pode invadir a privacidade do ser amado, como se o fato de amar desse carta-branca ao apaixonado nesse particular. Há quem acredite – ou finja acreditar – que amar é pretexto suficiente para ignorar a necessidade que todo mundo tem de um tempo só para si. Nesse caso, mais que em qualquer outro, o respeito a nossa solidão pode ser motivo para firmar e fazer crescer o amor, um sentimento cada vez mais raro e valioso, que todos desejam e pouca gente conhece de muito perto e pratica de verdade.
Quanto mais íntimo se fica de alguém, mais é preciso estar atento ao tempo de que esse alguém necessita para respirar, cultivar sua paz interior ou refletir e tomar decisões sobre seus problemas. Se o ser amado não preza seus momentos de solidão e parece ter horror a ficar sozinho consigo mesmo ao menos um pouco todos os dias, pode ser que a porcelana de que fala o poeta esteja quebrada. E porcelana não dá pra colar

A Fila Anda

A Fila Anda
Dizia Heráclito, o grego, que não nos banhamos duas vezes no mesmo rio: ou as águas já são outras ou nós não somos os mesmos. Para ele, o sol não apenas é novo a cada dia, mas sempre novo, continuamente. Ou Mário Quintana: Nunca dês nome a um rio: sempre é outro rio a passar. Nada jamais continua, tudo vai recomeçar! “Nada do que foi será, De novo do jeito que já foi um dia, Tudo passa, tudo sempre passará…”, não é, Nelson Motta? Monges tibetanos constroem enormes mandalas de areias coloridas, um trabalho meticuloso que leva meses. Quando o elaborado desenho fica pronto, despejam a mandala num rio, para representar a impermanência.
O tempo foge e as coisas também. Amores começam e acabam, sem choro, nem vela, nem fita amarela. A gente mal nasce, começa a morrer. O lactente dá lugar ao menino, que passa a bola ao adolescente, que deixa de existir ao virar adulto, o qual – de repente – envelhece. A uma estação de flores se segue a friagem do inverno; chuvas convidam à semeadura, que é seguida pela colheita. A Natureza renova-se e morre sucessivamente, ensinando-nos que nada dura e tudo é sempre novo e relativo. As folhas mortas do outono preservam a umidade das árvores, que vão eclodir em verdor primaveril. À noite segue-se o dia, ao nascer do sol, o ocaso…
A roda-gigante dos lançamentos eletrônicos nos atordoa e seduz, o iPod de hoje é logo substituído pelo iPhone, o dvd pelo blu-ray, a tela plana pelo cristal de plasma. A bateria do relógio está-se aposentando e os games de hoje serão esquecidos amanhã. Os modernos objetos do desejo são verdadeiros óvnis, girando a velocidades inimagináveis. Não é apenas o sol que nasce no Oriente: é toda uma indústria de gadgets, que atiça a vaidade de possuir o ‘ultimo lançamento’ da indústria dos chips.
A tecnologia faz e acontece, mas o homem continua preso à sua engrenagem biológica: nasce dependente, leva um ano para andar, dois para falar, três para começar a pensar. E uma vida inteira para aprender a viver. Esse descompasso entre a velocidade das criações eletrônicas e a relativa lentidão das aquisições da natureza humana gera no homem uma ansiedade crescente. E acentua as disparidades: enquanto uns salivam sobre escolhas tecnológicas, o maior contingente de habitantes da terra nem saiu da linha de miséria nem da exclusão social.
Sim, a fila anda, aliás, a fila voa – para alguns. A fila tecnológica, a fila amorosa, a fila da informação, a fila dos gigabytes, a fila automobilística. Tudo exige um ‘novo modelo’ ou uma ‘nova pessoa’, para que a fila continue andando. A única fila que não anda é a dos que esperam pelas beiradas do consumo e do sistema: a fila burocrática dos processos, a fila dos ‘benefícios sociais’, a fila dos enjeitados, a fila dos famélicos e dos doentes crônicos. Emblematicamente, essa fila se materializa todos os dias nos postos da previdência e nas portas dos hospitais. É como se ela existisse desde que o mundo é mundo, e jamais conseguisse sair do lugar. Não adianta reclamar; o cidadão pode ser acusado de ‘desacato’. É renitente e mastodôntica; não existe santo que faça essa fila andar…

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Mike Tyson: Inspiração para meu 36 day


Falando em 36 day

Deb, olha que coincidência: 36 day e menos 3.6 kg na balança! Ah, e sem tomar bolinha... Só no corte do açucar, da fritura e do amado chocolate... Tá bom, confesso que só não comsegui "cortar" a cervejinha...

Amy Winehouse dos bons tempos...

domingo, 4 de maio de 2008


Caramba, e ainda tem gente que me chama de criança!!!