Enfim, um final feliz! A gerente de marketing Beatriz Videiros, de 28 anos, estava namorando há dois anos quando recebeu a notícia de que o namorado iria viajar para os Estados Unidos por um ano. “Ele disse que eu era maravilhosa, mas que não dava pra continuar porque naquele momento ele teria que se dedicar à carreira e se afastar de mim”, conta Bia, que, a princípio, concordou que não dava pra esperar tanto tempo. Só que, mesmo a milhares de quilômetros de distância, o casal começou a sentir falta um do outro, trocar e-mails, telefonemas e aí já viu... “Ele me perguntava todo dia qual era a roupa que eu tava vestindo, dizia que era pra poder me imaginar melhor. Logo marcamos minha viagem pra ir visitá-lo e ele veio ao Brasil algumas vezes para matar a saudade”, revela Bia, que hoje está casada, provando que, quando se está diante da pessoa certa, dá-se um jeito para que seja a hora exata também.
Para a psicóloga especialista em relacionamento amoroso Mariana Santiago de Matos, em primeiro lugar, devemos pensar no conceito de pessoa certa. Vamos por partes: “O conceito é muito relativo, fruto de idealizações. Quando alguém se depara com uma pessoa que aparentemente apresenta algumas características consideradas ideais, pode ter medo e insegurança quanto ao que fazer. O mais importante a ser analisado é a quantidade de vezes em que essa situação se repete. Caso muitas pessoas certas apareçam e a hora seja sempre errada, isso pode significar medo do envolvimento e de se entregar”, afirma Mariana. Afinal de contas, existe mesmo a dita “hora errada” em que nem o amor pode romper a barreira? “Depende. No caso de uma viagem, depende do tempo de afastamento do casal. Se o impedimento for outro, depende da relação que o casal construiu até então. Se o relacionamento for curto, pode haver uma aposta para que ele vá adiante. Se o casal já se conhece bem, uma combinação pode romper a barreira imposta”, explica a psicóloga, sublinhando que são muitas as variantes.
Se você aí do outro lado da tela acabou de ouvir algo parecido com “você é a mulher certa na hora errada”, Mariana enumera possíveis posturas. “Quem gosta mesmo do outro pode tentar provar que o relacionamento poderia dar certo. Já se a pessoa se sente rejeitada ou não se interessa tanto pelo outro pode desistir do relacionamento”, finaliza.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
A Pessoa certa na Hora Errada - Parte 2
terça-feira, 19 de maio de 2009
A Pessoa certa na Hora Errada - Parte 1
Ele é moreno, alto, bonito e sensual. Quando vocês se viram pelaprimeira vez só faltou sair faísca. Depois do primeiro beijo, houve uma revoada de pombos brancos, fogos de artifício, gelo seco e uma banda tocando Cidade Maravilhosa. Até que, entre um suspiro e um beijo na nuca, ele mirou dentro dos seus olhos e soltou a frase "você é a pessoa certa" na hora errada". Aí, minha nega, a banda atravessou, o estômago embrulhou, e você foi chorar no ombro do seu travesseiro. Por motivos de força maior, como viagem internacional, outra mulher na jogada, vontade de galinhar ou unha do pé encravada, você é a pessoa ideal mas hoje não dá, um dia, quem sabe? Engolir isso não é mole. Antes de ter uma indigestão, saiba que você não é a única a ouvir, e talvez a próxima usar essa maldita frase.
Às vezes, a hora errada tem a ver com os feriados do calendário. Perto do carnaval, por exemplo, vira uma missão praticamente impossível selar compromisso - mesmo que você seja a pessoa certa. Uma amiga minha viu o gato cair do telhado no início de fevereiro do ano passado. “Estava tudo correndo às mil maravilhas, com direito a declarações de amor, viagens apaixonadas e presentinhos. Até que ele veio com a história de que eu era perfeita, mas que há muito tempo ele não passava um carnaval com os amigos e era isso que ele queria fazer”, lembra Ana, que não levou a sério o papo do folião, até vê-lo agarrado a diferentes moças debaixo do trio elétrico. “Foi horrível. Ele me encontrava, me abraçava, me elogiava e em seguida se pegava com outra garota. Mas pior ainda foi na Quarta-feira de Cinzas: ele veio me procurar, dizendo naquela hora poderia ficar comigo. É claro que eu dei risada na cara dele”. Para ela, a tal da hora errada serviu pra mostrar que ela estava se envolvendo com a pessoa errada, isso sim.
Em tempos de Orkut e salas de bate-papo, a internet está cheia de pessoas certas e, infelizmente, horas erradas. Aconteceu com a Rosane Taddei que se aproximou de um velho amigo, que fez seu mouse clicar mais rápido nos longos papos no MSN. “A gente se tornou íntimo, a afinidade era inegável e não conseguíamos largar o computador. Até sexo virtual a gente fez. Só faltava o encontro ao vivo, que ele sempre adiava. Foi aí que ele confessou que ainda pensava na ex-namorada e que não conseguiria beijar outra pessoa”, lembra Rosane, com a nítida sensação da hora errada. Os dois se afastaram e a professora acabou encontrando o amor nos braços de um outro rapaz. “Vivo um relacionamento maravilhoso, mas às vezes me pego pensando em como teria sido se aqueles papos madrugada afora pela internet tivessem rolado num outro momento, em que o coração dele estivesse desocupado. Talvez estivéssemos juntos e felizes numa hora dessas”.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
It´s me
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Como Esquecer um Grande Amor! Parte II
1º passo: Corra, Lola! Run, Forrest!
Evite o encontro ao máximo e vá procurar a sua turma. Vá viver! Vocês não têm mais nada para tratar (a não ser que tenham feito filhos no meio do caminho, aí a história é outra). O negócio é fazer as malas assim que sentir a aproximação do ponta-pé e sair correndo sem olhar prá trás. Lá na frente você vai começar a diminuir a toada, apreciar a paisagem, conhecer gente nova e interessante, assuntos instigantes e nem vai se lembrar de onde veio. Lembra o curso de gaita de fole? Pois é, aquilo lá rendeu um contato com a companhia de sapateado escocês Lord of the Dance e, veja só, aquela bailarina ruiva de cabelo cacheado tá te dando mole desde o primeiro ensaio. Fifonho? Bodoquinha? Quem?
2º passo: Ex não é amigo.
Ok, vocês foram o melhor amigo um do outro quando eram namorados. E nada impede que se falem amigavelmente vez por outra. Mas não vá achar que devem combinar saídas e encontros como se nada demais tivesse acontecido. Aconteceu. A casa caiu! E se você foi mesmo abduzido, uma amizade nefasta como aquela não acrescentará nada para a sua evolução pessoal. Deixe os encontros a encargo do destino: atravessando o sinal no meio da rua, xingando no trânsito, essas coisas...
3º passo: Deixe de ser masoquista!
Guardar e ler a cada dois dias as cartas, os e-mails, ver as fotos, ficar remoendo todas as lembranças, manter aquela quantidade de bibelô ou bichinho de pelúcia que só servem para acumular poeira e mágoa... Nada disso vai aplacar a falta que você está sentindo. Pelo contrário, isso só prolonga ainda mais o sofrimento e te faz perder um preciosíssimo tempo produtivo. Jogue tudo fora. Queime essa tralha toda, doe, jogue no rio, faça o que quiser, mas limpe o ambiente.
4º passo: Provocar ciúme pra quê?
Você saiu daquele relacionamento se sentindo a lasca da unha encravada do soldado raso da Primeira Guerra Mundial. Nada mais compreensível que agora queira "dar o troco", mostrar que está bem, que deu a volta por cima. O problema é quando quer mostrar que está melhor que o outro. Você começa a se render a subterfúgios na internet, por meio de amigos para fazer o ex (ou a ex) saber que você agora é secretário pessoal do Bill Gates ou que está "pegando" uma das (ou um dos) modelos do São Paulo Fashion Week. Se você comprar um boneco vudu numa loja de macumba, dá na mesma. Você acaba dedicando horas do seu precioso tempo nessa atividade estéril de continuar roendo o mesmo osso. Não percebe que se continuar na sua pode encontrar um prato de filé mignon mais à frente.
5º passo: Produza!
Quer esquecer alguém? Lembre-se de você mesmo e trabalhe! Trabalhe como nunca trabalhou antes na sua vida. 8, 9, 10, 15 horas por dia. Quando cansar, vá para a academia ou vá pedalar um pouco. Gaste energia numa caminhada. Nos fins-de-semana, divirta-se até desopilar o fígado. Vá ao cinema sozinho. Finalmente você não se sentirá obrigado a assistir aqueles filmes idiotas de ação ou aquelas baranguices românticas. A pipoca renderá mais e, de quebra, você se instrui com filmes edificantes.
6º passo: Não se iluda.
Tudo bem, você terá freqüentes arroubos de carência. Mas não vá achar que sair à caça em bares vai aplacar essa sua falta e te por diante da sua alma-gêmea, a quem você finalmente poderá confiar toda a sua existência e o seu amor. Pode "pegar" dez ou doze numa única noite. A cara-metade que lhe é destinada não estará nessa lista. Quando acordar, aquela ressaca moral e o vazio vão te dar um esfuziante "bom dia". E isso se repetirá ad infinitum, até você entender e aceitar que ninguém aparece na vida do outro para "salvá-lo".Quando você finalmente aprender a cuidar de si mesmo e se virar, vai acabar topando com outra pessoa em igual condição e então contribuirá para a teoria darwiniana da evolução das espécies. Se não achar que é capaz de tal proeza, ao menos tenha certeza de que Fifonho ou Bodoquinha nunca mais terão assento no seu sofá. Como diria Armstrong (o cara da lua, não o trompetista, por Deus!), isso seria um pequeno passo para um homem, mas um salto gigantesco para a humanidade.
terça-feira, 5 de maio de 2009
É possível esquecer um grande amor! Parte I
Você foi deixado. Levou um pé-na-bunda assim, sem mais nem menos, de uma hora para outra. Justo no momento em que achava "agora vai". Você nunca se sentiu tão feliz ao lado daquela pessoa; era capaz de buscar água na peneira para ele (ou ela), comprar a lua ou as estrelas, mesmo que isso implicasse um financiamento a perder de vista com juros de 7% ao mês. E eis que você dorme ouvindo um cintilante "eu te amo" e acorda com um "não dá mais".Pobre criatura. Seja bem-vindo ao time dos enjeitados. Se serve de consolo, o primeiro fora é o pior. Depois, você acaba aprendendo a cair, a se levantar, sacudir a poeira e ir dançar mais um frevo. Mas até lá, vai ser dose. Você vai chorar todas as suas pitangas, vai falar dele (ou dela) em todas as rodas e no dia-a-dia para quem se aproximar de você, seja o padeiro da esquina ou o guarda de trânsito ― que veio te multar porque você não pára de chorar ao volante, não vê que o sinal abriu e fechou pelo menos umas três vezes e está atravancando toda uma fila de carros que buzinam lá atrás, sem contar que quase atropelou a velhinha com os dois poodles, pouco antes.O pé-na-bunda de um abduzido é a coisa mais triste que pode haver em termos de relacionamentos amorosos. Triste porque ao longo da abdução o sujeito jogou o amor-próprio no lixo, submetendo-se às vontades do outro mais do que deveria. E agora, vai ter que voltar à lata de lixo, revirá-la até encontrar seu velho e puído amor-próprio novamente.O abduzido não é um amante maduro. É aquele que quando dá por si, deixou de ouvir o rock de que tanto gostava, de ver os filmes cult ou os jogos de futebol, de vestir-se como sempre vestiu só porque Fifonho (ou Bodoquinha) não gosta. É aquele cara que se vê, certo dia, assistindo ao Domingo Legal no sofá da namorada (ou do namorado), com tios, primos e o papagaio do cônjuge, depois de um almoço-família, cujo menu inclui a famosa geléia de mocotó da matriarca e o frango na cerveja da tia gorducha de pele oleosa.O abduzido geralmente é feliz em sua santa ignorância e acha que as reclamações de parentes e amigos quanto ao seu sumiço não passam de implicâncias com sua "alma-gêmea". Ele não consegue ir até o ponto de ônibus sem a ciência dela. Viajar com a turma, encontrar os amigos numa festa ou bar sem a presença dessa figura vigilante e onipresente, então, nem pensar. Ainda assim, o sorriso abestalhado que o abduzido estampa na cara não se desfaz nem mesmo quando Fifonho (ou Bodoquinha) o xinga ou o repreende em frente aos outros. Para se ter noção da dimensão do problema: ele chega a achar que flores de plástico são lindas.Inevitavelmente, chega o dia em que o cônjuge se cansa de tanta servidão, de tanta falta de personalidade. Convenhamos, um capacho não inspira muita admiração. Nesse dia, então, você recebe sua carta de alforria. E ela vem assim, com um gosto amaríssimo, junto com uma bofetada e um ponta-pé. Você fica arrasado, achando que não poderia ter te acontecido coisa pior e acha que será impossível viver sem os maus-tratos a que estava tão acostumado. Mas, vai por mim, depois que a tempestade passar, você vai perceber que foi a melhor coisa que te aconteceu na vida e que se livrou de uma enorme encrenca.Claro, bem antes disso, você vai olhar para o alto e pensar: "30 andares... deve ser o suficiente". Então, vai subir no alto do Edifício Acaiaca, em Belo Horizonte (ou no Mirante do Vale, em São Paulo; ou ainda no Rio Sul Center, no Rio). Vai encenar essa novela mexicana durante um bom tempo até se tocar que não tem coragem para tirar a própria vida. Mesmo assim, ainda não se convencerá de que era ruim com Fifonho (ou Bodoquinha), melhor sem ele (ou ela).Os amigos vão tentar te distrair e te chamar para a balada. Mas sua fossa será tamanha que vai afugentar quem chegar perto e, ô meu Deus, até mesmo os amigos vão ter que se revezar para te aturar. Que seja, amigo é prá isso.Você ainda vai procurar seu ex-amor uma dezena de vezes, ensaiando uma reconciliação ou negociar um tempo, quem sabe... Não, você ainda não entendeu que quanto mais se arrasta, menos há chance de volta. E que, bobeando, o fato de não ter volta seja uma sorte maior do que ganhar a Mega-Sena acumulada por três vezes seguidas.Depois de um mês sem fazer a barba (ou sem se depilar), você recebe um e-mail de consolo daquela amiga (ou amigo) que não via há anos. Um e-mail simples e curto, mas tão terno que faz você entender que o que recebia da ex (ou do ex) estava mais próximo do tapa do que do afago.A garçonete do bar, ou o peão da obra da frente, dá uma piscadela e você pensa que não está tão mal assim. Aí você reage. Decide virar a página. Em menos de uma semana, já deu um trato no visual, se inscreveu num monte de curso que vivia dizendo que queria fazer ― inclusive o de gaita de fole, aquele instrumento desengonçado que Fifonho (ou Bodoquinha) sempre achou brega ―, encontra os amigos e resolve distribuir seu amor para a humanidade no carnaval de Diamantina.Quando finalmente você se sente curado, o maldito Fifonho (ou a Bodoquinha) reaparece como que por milagre. Pensou melhor e percebeu que não pode viver sem você. E o que você faz?Pára tudo!Este é um momento decisivo, é o clímax de toda a sua curva dramática.Já disse um sábio chinês que errar uma vez é humano, duas é burrice. Como o próprio termo diz, ex é ex. Já era. Passado, capicce? Toda maneira de amor vale a pena mas, em se tratando de relacionamentos amorosos, uma lei é universal: a da evolução das espécies. É o famoso "a fila anda". Sobretudo se você acaba de sair de uma abdução.Suas pernas ainda tremem ao encontrar a figura, você sabe que se deixar, acaba tendo uma, duas, todas as recaídas do mundo. A carne é fraca? Então, ponha a mente para funcionar!
Não deixe de ler as segunda parte para saber que atitudes poderão ajudar a se livrar de Fifonho ou Bodoquinha...
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Amor virtual – Parte II
Amor virtual – Parte II
Todo mundo tem uma história de amor pela internet para contar. Mas não conta; tem vergonha. É coisa de nerd: ficar de pijamão, madrugada afora, com a pupila dilatada, em frente ao computador - teclando e se deixando teclar, por pessoas de origem desconhecida, de procedência absolutamente aleatória, de caráter imprevisível, de histórico pouco confiável. Enfim, é uma loucura. Mas os riscos são mínimos e, por isso, não há quem não tenha tentado. [Ah, só uma tentadinha, vai...]Independentemente dos envolvidos tomarem coragem e se confessarem, Alice Sampaio escreveu um livro a respeito, intitulado Amor na Internet - Quando o virtual cai na real (Record, 2001, 348 páginas). Na verdade, Alice, jornalista, compilou mais de 15 histórias narrando as venturas e desventuras de quem se lançou nesse mar de possibilidades: os chats, os e-mails, os sites de encontro. Claro, ninguém assume nada, todos estão protegidos por pseudônimos - como é praxe na própria internet, aliás. Antes que o leitor se espante com a naturalidade com que os internautas se lançam nessa loteria do romance às escuras, vale lembrar que o sexo furtivo, a bimbada de ocasião, é coisa mais antiga do que a própria humanidade. Todos os animais têm cio; todos os seres humanos também têm - acontece que não é de bom tom dar crédito a essas vontades, que surgem não se sabe de onde, sem qualquer explicação moral aceitável, de conseqüências quase sempre desastrosas. Então a religião veio para coibir esses impulsos; e a prostituição, para represá-los, se possível longe da sociedade. Freud se revoltou contra essa práxis acobertada e devolveu o sexo para a sociedade. Foi mais longe: pôs e viu sexo em tudo. No Brasil, Nélson Rodrigues enfiou-o nos lugares mais improváveis: nas casas de família, nos consultórios, nos enterros, nas filas e nos pontos-de-ônibus. Tinham ambos razão: onde o sexo está mais sufocado é onde, justamente, explode com maior intensidade. Vide as intermináveis discussões acerca do celibato e das perversões dos padres, que não são de hoje e que vão durar quanto a Igreja durar. É, portanto, perfeitamente razoável que cidadãos esmagados pela rotina, pelas pressões, pelas obrigações, pelo cansaço procurem se evadir de alguma forma. O sexo é apenas mais uma entre as tantas possibilidades. Cada um procura o nicho que mais lhe convém e descarrega nele suas frustrações e suas fantasias diárias. As mulheres, é comprovado (inclusive em estudos acadêmicos), escolhem as telenovelas, com suas relações subliminares e seu romantismo de reality show. Os homens, em geral, descarregam no esporte, que é, parafraseando Dave Mustaine, o mais próximo que alguns deles podem chegar do ato sexual. Daí para a internet, é só um passo. O livro de Alice Sampaio compila alguns casos que podem ser divididos em categorias mais ou menos estanques. Por exemplo: há aquele casal de meia idade, marcado por separações ou pela viuvez precoce, que, por insistência dos filhos (internautas), acaba se cadastrando em sites e se encontrando para toda a vida, como que por encanto. Essas pessoas têm, para com a nova mídia, atitudes extremamente conservadoras: abandonam-na tão logo se sentem seguras para se telefonar e se comunicar de outras formas, "menos impessoais" (segundo suas próprias palavras). Claro que essa categoria não busca satisfação momentânea, e sim ligações duradouras, transferindo para a internet a função do footing, do cinema, do passeio na praça, catalisadores da chamada paquera, em épocas pré-cambrianas.Há também os adolescentes de primeira água, que praticamente nasceram conectados e plugados. Para eles, igualmente, a internet é ferramenta: uma maneira de exorcizar a timidez e a insegurança típicas da idade. Entregam-se a ela num misto de excitação e curiosidade, não descarregando ali suas perturbações e seus fracassos (como os adultos), mas apenas desenvolvendo a auto-estima e a auto-afirmação, de um jeito novo e inusitado. Claro, há os problemas evidentes do excesso de uso e da fuga em que a internet pode se transformar, quando o jovenzinho ou a jovenzinha prefere refugiar-se nela a enfrentar a dura realidade. Mas não é regra, nem patologia catalogada. Uma das mais divertidas histórias do livro é, a propósito, a de uma garota que troca freneticamente de namorado, como troca de roupa ou sapato, num dia de festa em que não se entende com o armário. Com uma facilidade e uma desenvoltura invejáveis; até um pouco estranhas numa mulher (por definição e por convenção, sempre atrás de segurança, estabilidade, futuro garantido, essas coisas). Numa de suas andanças, a conquistadora topa com um sujeito cheio de negócios escusos que - diz o livro - é pago para apagar contraventores ou "procurados". A garota não se abala; afasta-se dele por precaução (mais do que por vontade) e sente sua falta até o fim do relato. Depois se envolve com outro rapaz, esse de sua idade, que quer insistentemente namorar; ela não quer e invertem-se mais uma vez os papéis (homem-volúvel, mulher-centrada). São, portanto, jogos lúdicos, num estágio de total imaturidade afetiva; mas que, mesmo assim, horrorizaram o profissional que - a pedido de Alice - se põe a analisar o caso. Tirando os de meia-idade e os adolescentes ocasionais, sobram aqueles tipos supracitados: para quem o sexo é uma aventura e uma válvula de escape. Compõem uma "classe média"; a mesma que não ganhou computador na infância, mas que também não se indispôs com as tecnologias de agora (até porque tem de usá-las no trabalho). Atravessou e experimentou as duas eras do relacionamento humano, a antiga e a nova. A antiga: dos bailinhos, das matinês, dos portões de escola, nos primeiros contatos físicos com o sexo oposto. E a nova: dos chats por idade, dos sites de classificados, das webcams e dos e-mails derramados como se fossem cartas. Esses certamente estão na situação mais interessante, embora não tão documentados na obra de Alice Sampaio. Se a abordagem não contempla todas as possibilidades (ainda que inclua o amor homossexual), é aceitável e elogiável mesmo em suas falhas. Já frágeis mesmo são as conclusões e análises. As conclusões porque feitas por uma mulher de meia idade (a autora), que, a partir de experiências pessoais frustradas com a internet, condena o meio sem apelação, quando ele é tão culpado quanto o são bares, boates, restaurantes e locais onde todos os dias milhares de pessoas vão para se relacionar. A internet não é um mal em si; é um instrumento como qualquer outro. Já as análises pecam pela incompreensão de psiquiatras, psicanalistas e psicólogos, viciados no velho jogo do amor: olhares, sinais, aproximações, palavras, toques e encontrões. Como a internet inverte o roteiro (colocando as palavras em primeiro lugar), eles se perdem e condenam 99% dos casais à fogueira da inquisição, como se a World Wide Web fosse produto feito e acabado. O fato é que, independentemente do balanço negativo, as pessoas vão continuar se lançando em blind dates, com o primeiro desconhecido simpático que for hábil no uso do vernáculo. Vão continuar se entregando sofregamente nos primeiros encontros. E vão continuar errando, se arrependendo e - quem sabe -, com sorte, acertando, porque é inevitavelmente a lógica do sexo e do amor. Se, de repente, contamos com uma "porta", que se abre da nossa casa (ou da nossa estação de trabalho), na qual podemos anonimamente penetrar (sem riscos, portanto), encontrando um monte de gente interessante (ou nem tanto), por que vamos nos negar essa possibilidade?