sexta-feira, 28 de março de 2008

Pra que explicar?


"Um dos melhores momentos da teledramaturgia nacional aconteceu outro dia, em ‘Duas Caras’. Silvia, personagem de Alinne Moraes, estava despejando todo o seu ódio sobre a mãe, Branca, personagem de Susana Vieira. A moça dizia coisas horríveis, culpando a mãe por praticamente tudo de ruim que existe no mundo, quando a criatura que ouvia todos esses desaforos se achou no direito de perguntar pelo menos qual a razão de tanto rancor naquele coraçãozinho tão lindo e tão rico. “Mas, minha filha, por que você me odeia tanto?”, perguntou a ofendida mãe. Fez-se aquela breve pausa de suspense, a gente ficou aqui, do outro lado da tela, esperando uma história daquelas, cheia de revelações, quase roendo as unhas — ok, menos, que a novela não está isso tudo —, até que veio a resposta: “Eu não sei!!!!” Pois é, minha gente, aquela que se revela ser a grande vilã da trama, a revoltada, a que faz tudo por absoluto ódio da mãe não tem nenhuma explicação para tanto sentimento ruim. O que inevitavelmente nos deixou com a sensação de que Aguinaldo Silva estava escrevendo a cena quando se deu conta de que tinha um buraco no roteiro, de que ele simplesmente não tinha uma história maior para contar ali. Aí, estava com pressa, os capítulos atrasados ou qualquer contratempo do tipo e decidiu: se eu não sei, Silvia também não sabe e estamos conversados. E ficaremos nós igualmente sem saber. Depois a audiência não é lá grandes coisas e aí ele também não sabe por que.Mas o fato é que podemos ver certa vantagem nisso e usar o exemplo de Silvia como salvo-conduto. Porque se ela pode dizer e fazer as coisas horríveis que diz e faz sem sequer ter explicação, por que não nós, que damos ataques muito mais inofensivos? Ou vai me dizer que você nunca deu um ataquezinho de pelanca, nunca disse coisas que não queria ou não deveria dizer, nunca caiu em prantos repentinamente e, quando perguntada sobre a razão de tudo aquilo, quis responder ‘eu não sei’? É que nós sempre tentamos arranjar uma desculpa, dar uma explicação para nossas crises, ainda mais depois que a ciência descobriu a TPM e que passamos a poder contar com ela para justificar tudo. Mas a verdade é que nós, nascidas sob o sexo feminino, fazemos coisas para as quais simplesmente não encontramos motivo. E, vamos ser sinceras, não vemos nenhum problema nisso. O que não seria justo é esse privilégio do desatino inexplicável ser apenas dos bebês e das vilãs, uma vez que não estamos nem fazendo chantagem, como os primeiros, nem maldades, como as segundas — pelo menos não na maioria das vezes.Então, usando das mesmas armas do autor de ‘Duas Caras’, podemos, a partir de agora, criar uma lista de atitudes que queremos poder ter a qualquer hora, em qualquer lugar, sem que tenhamos qualquer razão. Eu defendo que crises de choro devem encabeçar a lista. Seguida por cinco alterações de humor por dia. Ah, também não pode faltar o direito de discutirmos com o cabelo, a roupa e com o espelho, mesmo que estejam todos — o cabelo, a roupa, o espelho — ótimos. Dizer uma coisa e fazer outra pode ficar lá em sexto ou sétimo lugar e dar uns gritos com quem passar pela frente, em décimo. Não podemos esquecer de comprar uma coisa da qual não precisamos e sequer gostamos e amar hoje o que odiávamos ontem e vice-versa. Só não podemos esticar demais a lista, para não parecermos loucas. Ou vilãs. Mas aceito sugestões. "

Link de http://odia.terra.com.br/blog/saltoagulha/

Segunda-feira, 3 Março, 2008

PITACO: Apesar do papo de mulherzinha, gosto muito da Cláudia Cecilia!!

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