quinta-feira, 13 de novembro de 2008

À espera


Não há como prever os caminhos que a vida toma. É possível que brinquemos de deuses, claro - faz parte do jogo. Mas não foram as nossas escolhas que decidiram o destino de Tróia. O destino não é algo abjeto, como muitos pensam por aí. O destino tem D maiúsculo, e Destino não se importa muito com o que venhamos a pensar a seu respeito; ele se contenta em folhear as páginas mofadas de seu livro milenar, preso a ele por algemas fundidas em princípios de mundos. Nem mesmo os deuses de Homero podem com Destino, já que ele é o detentor das histórias passadas, e das que um dia passarão. Ele caminha paciente em seu labirinto, enquanto aqui embaixo - num plano que nos coloca feito formigas diante dele - vivemos cada despertar sob sombras de incerteza. O "sei que nada sei" é de grande aplicabilidade quando penso em Destino. Eu não sei. Apenas ele sabe. O que me resta fazer? Seguir... e esperar. Afinal, Destino tem irmãos, os melhores e piores que alguém pode ter, e alguns deles alimentam a esperança que vem brincar nos meus olhos quando os fecho à noite; uma esperança risonha que me faz acreditar que eu posso sim prever alguns desses caminhos, caso o tombo lá na frente deixe sequelas. Ou ainda, me faz acreditar que os tombos são parte essencial para que surjam algumas boas certezas ao longo da estrada, certezas que tornem a jornada menos amarga. De amargo, basta o café.

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