terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Os falsos amigos da sua dieta



Você pensa que eles estão do seu lado na luta contra a balança. E, na verdade, sabotam seu esforço para emagrecer
Todo mundo tem um conselho pronto para quem quer emagrecer: coma muita fruta, prefira produtos diet, exercite-se ao máximo, deixe de almoçar ou jantar. Mas, como se diz por aí, o inferno está cheio de boas intenções. Cuidado. Certos erros alimentares podem sabotar sua luta para perder peso e manter-se saudável. Conheça alguns desses falsos aliados de seu corpo.

ALIMENTOS LIGHT E DIET
Como eles enganam você: nem todo produto light é menos calórico. "Esses alimentos apresentam pelo menos 25% de redução de um ingrediente em comparação ao produto original, como carboidratos, gorduras, proteínas ou sódio. Porém, isso não implica uma redução de calorias. Se a diminuição for de sódio, por exemplo, o valor calórico continua intacto", explica Anete Hannud Abdo, endocrinologista do Projeto de Atendimento ao Obeso (Prato), do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Produtos diet também podem ser bem calóricos. Indicados para quem segue dietas restritivas (como diabéticos, hipertensos ou alérgicos à lactose), neles foi eliminado pelo menos um componente da fórmula original. "O chocolate diet, apesar de sem açúcar, pode ter mais gordura e, portanto, mais calorias do que o chocolate normal", observa a médica.
Como você não se deixa enganar: leia atentamente o rótulo do produto para saber qual é o nutriente que saiu da fórmula e se ele é realmente menos calórico. E não se esqueça de que, sozinhos, esses produtos não emagrecem. "Você pode incluí-los na dieta, mas não torná-los base do cardápio. Só uma alimentação equilibrada proporciona perda de peso", diz a nutricionista Vanessa Schmidt, de São Paulo.
Na hora da compra, a especialista recomenda que se dê preferência aos produtos normais e se opte pela versão light apenas dos alimentos mais calóricos, como maionese. "Produtos light ou diet também podem ter adoçantes artificiais, como ciclamato, sacarina e aspartame, que, ingeridos em excesso, são perigosos para a saúde, pois prejudicam a absorção de nutrientes como ferro e potássio", alerta a nutricionista.

FRUTAS
Como elas enganam você: incluir muitas frutas na dieta ajuda você a não engordar, certo? Errado. A frutose, o açúcar das frutas, encontrado também em refrescos, geléias, chocolates em barra e em pó (o cacau contém frutose), é um carboidrato que pesa na balança.
Uma pesquisa recente da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, e do Instituto Alemão de Nutrição mostrou que esse carboidrato simples, apesar de rapidamente metabolizado pelo organismo, pode favorecer o acúmulo de gordura. No experimento, três grupos de cobaias tomaram água, água com frutose e refrescos com frutose. Não deu outra: os bichos que ingeriram líquidos com o açúcar ganharam mais gordura do que aqueles que saciaram a sede só com água.
Outra boa razão para evitar o exagero: "A frutose também dificulta o controle do diabetes e aumenta o nível de triglicérides", avisa a endocrinologista Anete Hannud Abdo.
Como você não se deixa enganar: "O ideal é limitar o consumo diário de frutas a três ou quatro por dia, no máximo. E ainda assim dar preferência às variedades menos doces", ensina Vanessa (veja a tabela dos valores calóricos das frutas nesta página).
PULAR REFEIÇÕES
Como isso engana você: deixar de lado uma refeição (almoço ou jantar, por exemplo) parece um jeito fácil de comer menos. Mas, na verdade, a matemática da boa forma funciona ao contrário: menos refeições geram mais peso na balança. "Se você fica muito tempo sem comer, seu organismo tem medo de passar fome e, para se prevenir, começa a estocar gordura", explica a nutricionista Vanessa Schmidt.
Quem salta refeições durante o dia também costuma ficar com um apetite incontrolável ao passar das horas, e o resultado é o "prato de pedreiro". "Na próxima refeição, acaba-se comendo mais", diz Anete.
Como você não se deixa enganar: faça várias refeições pequenas ao longo do dia: café-da-manhã, lanche matinal, almoço, lanche da tarde, jantar e uma ceia leve. E não tenha pressa à mesa: quando você come muito rápido, nem se dá conta do que está mandando para dentro e tende a exagerar. "O cérebro não tem tempo de processar a mensagem de que o número necessário de calorias para matar a fome já foi atingido", esclarece a médica.
CAFÉ
Como ele engana você: estudos recentes defendem que a ação estimulante da cafeína acelera o metabolismo e contribui para a queima de calorias. Isso é fato: "O consumo habitual de seis xícaras de café pode aumentar o gasto energético em aproximadamente 100 calorias por dia", explica a endocrinologista. A substância também produz no corpo um efeito térmico, aumentando o consumo de energia para metabolizar os alimentos.
Até aí, tudo bem. O problema é que diversos outros estudos demonstraram que os resultados dessa tática são pouco evidentes em pessoas obesas. Além disso, tudo indica que a cafeína aumenta o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e osteoporose. "Embora sejam necessários maiores estudos para confirmar essa relação, isso limita a indicação indiscriminada do café para a perda de peso", afirma Anete.
Como você não se deixa enganar: não adianta recorrer ao cafezinho várias vezes por dia para diminuir sua ânsia por guloseimas. "Além de não eliminar a vontade de comer doces e massas, tomar muito café provoca ansiedade", diz Vanessa. Sabe qual o efeito dominó? Quanto mais ansioso você está, mais sente vontade de comer e mais engorda.
EXERCITAR-SE ALÉM DA CONTA
Como isso engana você: não compensa passar longas horas na academia (a não ser que seu interesse principal seja paquerar) achando que quanto mais malha, mais emagrece. "A perda de peso está relacionada a uma equação entre comida e exercício físico, ou seja, o consumo e o gasto de calorias", diz o personal trainer Christian Antoniazzi, de São Paulo, consultor da Men's Health. Traduzindo: não adianta se exercitar durante horas e mandar bala na comida depois. Se seu gasto de energia é muito grande, você sente mais fome e exagera no prato.
Como você não se deixa enganar: seu balanço calórico deve ser negativo, ou seja, você tem de gastar mais calorias (não apenas se exercitando, mas também nas atividades normais do dia-a-dia) do que ingere. Em vez de ficar duas horas na academia, exercite-se três ou quatro vezes por semana, durante 30 minutos a uma hora. Os exercícios de alta intensidade também não são seus melhores aliados para perder peso, porque podem queimar as calorias erradas. "Eles eliminam mais calorias provenientes da ingestão de carboidratos (75%) do que de gorduras (25%), enquanto os exercícios de baixa intensidade queimam mais calorias de gorduras (75%) do que de carboidratos (25%)", alerta a médica Anete Abdo.
PROTEÍNAS
Como elas enganam você: "Quer mais massa muscular? Coma bastante proteína. Seu objetivo é perder peso? Vá de proteína também". É nesse mantra que se baseiam dietas famosas, como a do Dr. Atkins. Entretanto, mesmo se você cortar os carboidratos (encontrados em massas, pães, frutas, arroz e batata) e priorizar as proteínas (da carne e dos laticínios, por exemplo), como sugerem essas dietas, arrisca-se a engordar. "Cada pessoa tem um nível de absorção de proteína. Quando ultrapassado esse limite, o que vem a mais é transformado em gordura", explica a nutricionista Vanessa Schmidt.
Além disso, o funcionamento do organismo pode ser prejudicado quando se diminui a ingestão de carboidratos, porque é deles que o corpo retira energia. Ainda não se convenceu? A nutricionista explica que, nas dietas que cortam carboidratos, o metabolismo pode entrar no estágio de cetose, situação bioquímica anormal em que o corpo, sem carboidratos para usar como fonte energética, utiliza os depósitos de gordura como combustível. Em conseqüência, substâncias tóxicas são liberadas para as células, podendo provocar enjôos, náuseas e dor de cabeça.
Como você não se deixa enganar: capriche na ingestão de proteínas apenas se você pratica esporte ou quer ganhar massa magra na musculação. "Quem treina precisa de suplementação alimentar, pois as proteínas ajudam a reestruturar os músculos que são exigidos durante o exercício", explica Vanessa. Preste atenção também no que você coloca no prato: as dietas que cortam carboidratos e liberam proteínas geralmente não estabelecem limites para o consumo de alimentos que têm alto teor de gordura ou colesterol - como picanha, bacon, ovos e queijos gordos -, que podem aumentar o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, entre outros prejuízos à saúde.
BEBIDAS LIGHT E DIET
Como elas enganam você: refrigerantes e sucos com o mesmo 0% de caloria podem fazer você comer mais. Essa surpreendente descoberta saiu no International Journal of Obesity (EUA). Os pesquisadores partiram daquilo que já se sabia sobre o metabolismo: alimentos doces produzem sensação de saciedade porque o cérebro associa a ingestão de alto teor de açúcar com a absorção de elevadas quantidades de calorias. Bebidas light causam uma espécie de curto-circuito nesse processo de informação. Como são doces mas não têm calorias, confundem o organismo. Resultado: a sensação de saciedade dura pouco e a fome logo volta.
Como você não se deixa enganar: os refrigerantes com zero de açúcar podem ser grandes aliados da sua dieta se consumidos com moderação. Em algumas marcas, o sabor adocicado é obtido pela adição de substâncias artificiais, como aspartame e ciclamato de sódio. Esse último teve sua venda proibida nos anos 70, quando havia a suspeita de que poderia estar associado a alguns tipos de câncer. "Por falta de conclusões científicas, essa substância foi liberada recentemente em mais de 50 países, inclusive no Brasil", conta a nutricionista Tânia Rodrigues, de São Paulo. Mas, segundo ela, é melhor não vacilar e seguir ao pé da letra as recomendações de consumo que estão no rótulo do refrigerante. "Uma pessoa de 70 quilos não pode ingerir mais que 2 litros por dia desse tipo de refrigerante", diz Tânia.
ALIMENTOS INTEGRAIS
Como eles enganam você: se você comia duas fatias de pão de fôrma branco e agora devora três porque optou pela versão integral, equivocou-se. É verdade que há inúmeros benefícios em preferir pães, massas e biscoitos integrais. Ricos em fibras, eles melhoram a função intestinal, ajudam a diminuir as taxas de açúcar no sangue e a controlar o colesterol. Entretanto, eles podem ser altamente calóricos.
Como você não se deixa enganar: "Não aumente o consumo de determinado alimento só porque ele é integral", adverte a nutricionista Vanessa Schmidt. Mas não depreze os pães e massas feitos de farinha integral, pois as fibras atrapalham a digestão dos carboidratos e fazem o açúcar cair mais lentamente na circulação, aumentando a sensação de saciedade. Com os alimentos refinados, é o contrário: ocorrem picos de açúcar no sangue, deixando você faminto pouco tempo depois de comer. "Quando você come um prato de massa refinada, por exemplo, depois de meia hora já sente fome", explica Vanessa.
Fruto proibido?
Conheça o valor calórico das frutas e avalie como elas pesam na sua dieta, segundo a nutricionista Vanessa Schmidt.

• Morango
12 calorias por unidade (uma xícara cheia: 45 calorias)
• Ameixa preta
16 calorias por unidade
• Ameixa vermelha
25 calorias por unidade
• Jabuticaba
28 calorias (meio copo)
• Manga
39 calorias (uma fatia média)
• Maracujá
45 calorias por unidade
• Abacaxi
50 calorias (uma fatia fina)
• Laranja
50 calorias por unidade
• Kiwi
50 calorias por unidade
• Pêssego
50 calorias por unidade
• Mamão formosa
50 calorias (uma fatia fina)
• Melão
50 calorias (uma fatia grande)
• Melancia
50 calorias (uma fatia grande)
• Mamão papaia
55 calorias (meia unidade)
• Abacate
60 calorias (um prato raso)
• Banana-maçã
70 calorias por unidade
• Banana-ouro
79 calorias por unidade
• Pêra
80,6 calorias por unidade
• Banana-prata
89 calorias por unidade
• Caqui
95 calorias por unidade
• Banana-nanica (ou d´água)
95 calorias por unidade
• Maçã
97,5 calorias por unidade
• Uva rubi
83 calorias (cacho pequeno)


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